“Existe um certo gênio de oráculo em uma
bacia, com a ajuda do qual os pagãos, frequentemente, prediziam o futuro. Foi
averiguado que certos oráculos se fazem anunciar, no ar, pela agitação de
folhas pelo vento. A mesma coisa acontece com a água de uma bacia (agita-se),
com uma espécie de oráculo conhecido e recebido pelos Assírios, que manifesta
uma certa afinidade com os demônios muito apegados à matéria.
Os adivinhos usam então uma bacia cheia com
água e apropriada para ser
usada pelos demônios que habitam o fundo das águas.
Ora, esta bacia cheia de água parece, desde o começo, fremir, como se fosse
emitir sons: enquanto ela nada muda em sua aparência com a água natural; mas,
por meio de uma virtude que lhe é infundida, ela se torna eminentemente apta a
receber o espírito profético. Esta espécie de demônio que age sobre ela, é
caprichoso, terrestre e sensível aos deleites: assim que a água começa a
proferir sons, ele mostra sua satisfação aos assistentes, por algumas palavras
ainda incompreensíveis e desprovidas de significação; mas em seguida, quando a
água se agita e começa a transbordar da bacia, uma voz débil começa a murmurar
palavras que revelam acontecimentos futuros.
Há um outro espírito de certa natureza,
que erra aqui e ali, quando lhe é permitido penetrar na atmosfera terrestre;
esta espécie de demônio está prevenido para só falar em voz bem baixa, a fim de
que as mentiras que ele profere não sejam facilmente percebíveis. “O tom bem
baixo em que fala, torna suas palavras quase ininteligíveis.”
Psellus, de
Doemonibus.
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