sábado, 19 de novembro de 2016

Oráculos

 “Existe um certo gênio de oráculo em uma bacia, com a ajuda do qual os pagãos, frequentemente, prediziam o futuro. Foi averiguado que certos oráculos se fazem anunciar, no ar, pela agitação de folhas pelo vento. A mesma coisa acontece com a água de uma bacia (agita-se), com uma espécie de oráculo conhecido e recebido pelos Assírios, que manifesta uma certa afinidade com os demônios muito apegados à matéria.

   
Os adivinhos usam então uma bacia cheia com água e apropriada para ser 
usada pelos demônios que habitam o fundo das águas. Ora, esta bacia cheia de água parece, desde o começo, fremir, como se fosse emitir sons: enquanto ela nada muda em sua aparência com a água natural; mas, por meio de uma virtude que lhe é infundida, ela se torna eminentemente apta a receber o espírito profético. Esta espécie de demônio que age sobre ela, é caprichoso, terrestre e sensível aos deleites: assim que a água começa a proferir sons, ele mostra sua satisfação aos assistentes, por algumas palavras ainda incompreensíveis e desprovidas de significação; mas em seguida, quando a água se agita e começa a transbordar da bacia, uma voz débil começa a murmurar palavras que revelam acontecimentos futuros.
     
Há um outro espírito de certa natureza, que erra aqui e ali, quando lhe é permitido penetrar na atmosfera terrestre; esta espécie de demônio está prevenido para só falar em voz bem baixa, a fim de que as mentiras que ele profere não sejam facilmente percebíveis. “O tom bem baixo em que fala, torna suas palavras quase ininteligíveis.”



Psellus, de Doemonibus. 

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